quinta-feira, 19 de julho de 2007


Cérebro tem área ligada a efeito placebo

Estudo ajuda a explicar fenômeno que ocorre em doente que toma remédio falso, mas obtém melhora por auto-sugestãoCircuitos apontados por pesquisa podem vir a ser manipulados para melhorar eficácia de tratamentos, diz cientista autor do trabalho

O funcionamento do chamado efeito placebo, fenômeno por meio do qual alguns doentes melhoram de saúde só de imaginar que estão sob algum tratamento, é um mistério um pouco menos distante a partir de agora. Um grupo de cientistas anuncia hoje ter identificado uma região cerebral que possui um papel fundamental nos impressionantes casos de cura com pílulas de farinha.A região apontada pelos neurocientistas, conhecida como núcleo accumbens, está ligada ao sistema de recompensa do cérebro, que modula o prazer e o vício. De modo geral, os pesquisadores trabalharam com a idéia de que expectativas positivas ou negativas são fatores que influenciam o comportamento. O estudo, publicado hoje na revista "Neuron", mostra que essas expectativas também ressaltam o efeito placebo.Para testar o fenômeno, os cientistas montaram um falso teste clínico e disseram a todos os voluntários que iriam receber uma nova droga ou um placebo -como ocorre nos experimentos reais. Na verdade, porém, todos receberam placebo.Os pesquisadores pediram então que os participantes avaliassem de quanto era a expectativa deles sobre os efeitos do "remédio", assim como o alívio da dor sentido após a ingestão da suposta droga. Nesse meio tempo a equipe mediu, com uma técnica de escaneamento, quanto o núcleo accumbens estava liberando dopamina -neurotransmissor associado à sensação de bem-estar.Os cientistas, liderados por David Scott, da Universidade de Michigan, observaram que nos voluntários que mostraram maior antecipação dos benefícios do suposto remédio, mais dopamina era liberada.Para confirmar o papel do núcleo accumbens, mediu-se a liberação de dopamina em voluntários que recebiam a notícia de que seriam pagos pelo teste. Aqueles que mais liberavam neurotransmissor eram os mesmos que mais acreditavam no sucesso da droga.Os pesquisadores afirmam que talvez seja possível modular os mecanismos envolvidos no efeito placebo com propósitos terapêuticos.

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